CARTA DE UM SER SOLITÁRIO


Quando vim ao mundo, eu não estava sozinha. Minha mãe estava presente, claro. Só se nasce através de uma mulher, não tão simples assim, mas, de uma mãe.
A minha vida é um desnível avassalador, de mudanças bruscas climáticas internas. Essa minha inquietude, leva-me a reflexões, muitas vezes, bem elaboradas, e por outras horas, superficiais. De tanto lapidar a alma, com gotas brilhantes deste líquido interno, que é a lágrima, posso contemplar alguns tesouros dentro de mim. Ainda sozinha, eu penso que sou forte. Ainda que não me restam amigos para refazer minhas elaborações, insisto na modernidade das comunicações, ter um retorno de tudo que penso. É intrigante ter tantos meios para comunicar-se com o outro, e ainda, encontrar barreiras, que me faz de um ser tão sozinho. Apenas um gesto de amor poderá me seduzir a sair desse ostracismo que me convencionaram. A tristeza não produz fruto. Mas, traz reflexões. Ás vezes, muito errôneas, mas destas, eu me comunico, pelo menos comigo mesma.
Na tranquilidade do meu lar, meu mundo sofre. Não sei se realmente só, porque eu ainda interajo com a natureza, com os cantos do pássaro, do vendedor que grita na rua, com o tic-tac do relógio, entre outros sinais que avisam que estou viva e sou um ser.
Como solitária, a luz se torna às vezes trevas...e dessa escuridão tentam sufocar a razão, mas a luz das artes entre os meus dedos, dão vida.
Não estou só, quando a arte está comigo, fazendo companhia a este vazio.
Numa escrivaninha ao alcance do mundo. Será que o meu grito produz ainda assim um eco vomitante?
Um eco de paz, de esperança, e amor.
É esse meu mundo...

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