O DESERTO

 

O deserto que em meu peito mora

no meu rosto chora

alagando a esperança

O frio que lá fora habita

me excita a fazer o bem

mesmo no cotidiano

dum frenético vai e vem

 

No olhar que hoje se esconde

num andar, abaixa a fronte

sem dinheiro, sem remédio,

vencendo o tédio

Moram ali, debaixo da ponte

em contraste com edifícios palacianos

“Não sou mendigo, não estou roubando”

Vendem bombons nos sinais

Às vezes, visto ajoelhados

Em frente as suntuosas catedrais.

 

A cidade virou um deserto

numa arquitetura fracassada

todos têm suas casas,

e outros, as casas fazem de conta:

são as ruas, as praças,

as calçadas...

neste asfalto frio...

Um deserto sombrio.

 



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